O MDB, um dos maiores partidos do país, que chegou à presidência da república com Michel Temer, atravessa uma década conturbada no Mato Grosso do Sul, marcada por sucessivos equívocos que têm reduzido sua influência política. Sob a liderança do ex-prefeito de Campo Grande e ex-governador do Estado, André Puccinelli, o partido enfrenta um momento decisivo que pode determinar sua ressurreição ou mais um fracasso.
O histórico de falhas é evidente. Desde 2014, com Nelsinho Trad, até as últimas eleições, o MDB experimentou derrotas em várias disputas eleitorais, resultando em uma redução nos quadros políticos.
Na campanha para prefeitura em 2016, o MDB apoiou a candidatura de Rose Modesto, saindo derrotado por tabela pelo ex-prefeito Marcos Trad, cria do partido que foi na ocasião para o PSD. Sem o apoio inicial ao prefeito eleito, a sigla ficou com quase nenhum espaço de expressão na gestão municipal.
Em 2018, o próprio André Puccinelli, então presidente da sigla e candidato ao governo estadual, foi preso, frustrando as expectativas do partido. A atual ministra Simone Tebet ensaiou substituir André, porém deixou o partido na mão e desistiu, transferindo o “abacaxi” para o Deputado Junior Mochi, derrotado na ocasião. Mochi deixou uma provável reeleição de deputado para cumprir a missão, acabou derrotado no governo e sem mandato no estado.
A candidatura do Deputado Márcio Fernandes em 2020, também não decolou, sendo considerada até por pares partidários como uma candidatura “xuxu” sem gosto nenhum e sem expressão, mais uma derrota que deixou o MDB em uma posição ainda mais frágil e sem espaços.
2022 seria o ano, sem impedimentos na justiça o comandante da sigla André Puccinelli seguia líder em todas as pesquisas, sendo considerado imbatível por filiados, porém permanecia com alto índice de rejeição. Ex-correligionários que hoje navegam em outros barcos citavam até que André teria mais de 200 mil votos de diferença do segundo colocado para o segundo turno, porém André foi derrotado e nem sequer foi para o segundo turno. André também errou na escolha do seu vice, deixando de lado o vereador Pappy (ex-Solidariedade), que poderia ser posteriormente uma das renovações Andrezistas.
Após amarga derrota no primeiro turno, Puccinelli declarou apoio ao candidato Capitão Contar, que terminou derrotado e também demonstrou em diversas ocasiões não ter simpatia pela “figura” do ex-governador, por gerar desgastes na ala Bolsonarista.
Eleições para Prefeitura Capital
Novamente, o líder do partido se coloca à disposição. André é considerado pelos MDBistas como o único capaz de ressuscitar a sigla. Ele segue firme na candidatura, sendo questionado por muitos, que alegam apenas valorização do passe para outros tipos de “acordos”. Nomes andrezistas já pularam da barca, é o caso do Ex-Presidente Municipal da Sigla que era apadrinhado e cria de dentro do grupo Puccinelli, Ulisses, que foi presidente da JMDB, sendo posteriormente promovido para Presidente do Diretório de Campo Grande por anos, por ser um dos “homens de confiança”. Agora, o ex-mdbista é adjunto na Secretaria de Governo da Prefeitura de Campo Grande, sendo parte dos quadros da Senadora Tereza Cristina, presidente do PP. Ulisses chega para somar na reeleição e será um dos pensadores da Campanha da Prefeita Adriane Lopes, possível concorrente de André.
André foi ultrapassado na liderança para as intenções de voto na última pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência, encomendada pelo site Diário MS News e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o nº MS-00344/2024, amargando também a liderança em rejeição, fator fundamental para redução de possibilidade em índices vitoriosos.
Dificuldade em Consolidação dos Quadros
Como todo partido político, a inclusão de pessoas nos quadros internos é fundamental, é o combustível necessário para dar força à militância e à inteligência estratégica, devido à pluralidade de experiências. André é perito em liderança, é considerado um grande articulador, alguns dizem que é um “coronelzão”, porém existem diversas reclamações de ex-filiados sobre a sigla, o ciúme dos quadros mais antigos pela aproximação com o comandante é algo que faz afastar as novas lideranças, tal fato que faz permanecer na sigla somente os mais antigos, sendo considerado por muitos como um MDB velho e desgastado.
Dar espaços importantes dentro da executiva Estadual e nas municipais também é algo a ser questionado, somente os filiados da velha guarda têm espaço, são cadeiras cativas, excluindo os mais novos, de idade e de partido, impossibilitando a oxigenação partidária.
O MDB de André segue respirando por aparelhos e o ex-governador segue firme alegando ir ao pleito, será apenas uma valorização de passe para um “acordo de cavalheiros”, como dizem nos bastidores? Será apenas para montagem de chapa dos vereadores ou ele vem realmente para a disputa?